Terceiro Ano Novo que teremos esse ano!

Na semana do dia 15 de abril comemoraremos mais um Ano Novo. Dessa vez o Ano Novo de Myanmar, que segue o calendário budista.

Esse ano comemoramos 3 Anos Novos. O Ano Novo mundial, o Ano Novo chinês e o Ano Novo budista (que ainda está por vir). Nada mais justo para nós, porque mudamos tanto em um ano que parece que já se passaram três.

Primeiro nos mudamos do Brasil para Myanmar, em abril de 2012. Em setembro de 2012 nos mudamos para a China e em fevereiro de 2013 estamos de volta em Myanmar. Então concluímos o primeiro ano com o Ano Novo mundial, depois o segundo ano com o Ano Novo chinês e começaremos um ano novo com boas novas budistas em Myanmar.

Passamos o Ano Novo mundial na China. Não foi muito comemorado não. Tiveram sim alguns fogos, mas nada demais. Em compensação, no Ano Novo chinês, o que tinha de fogos, foi uma coisa espetacular! Nada organizado. Cada família compra seus próprios fogos e solta onde quiser. Mas não é qualquer morteirinho não… são fogos de dar inveja aos de Copacabana. O céu fica claro de tanta gente soltando fogos em todos os lugares. São horas e horas de espetáculo.

Até a gente soltou fogos. Compramos na lojinha da esquina mesmo. Vende em qualquer lugar! Nas caixinhas não vem qualquer aviso de que possa ser perigoso, pelo contrário, todos tem figuras do Mickey, da Minnie… encantam qualquer criança!

O Ano Novo chinês é quase como um Natal, é hora de juntar a família toda e comemorar. Tudo fecha, os supermercados ficam apinhados de gente comprando tudo quanto é tipo de enfeite com o tema do ano, esse ano foi a Cobra. As pessoas ganham bonus no trabalho… Agora, uma coisa que eu não entendi foi o sistema de emendar o feriado. Por exemplo, o Ano Novo mundial caiu numa terça-feira. Terça, quarta e quinta foram dias de folga e para compensar, todos tiveram que trabalhar sexta, sábado e domingo. Inclusive as escolas funcionaram sábado e domingo. No Ano Novo chinês foi a mesma coisa. O feriado caiu no sábado, domingo e segunda (9, 10 e 11 de fevereiro). Terça e quarta foi folga e para compensar, todos trabalharam quinta, sexta, sábado e domingo.

Uma amiga me disse que uma vez, nesse sistema de compensação, todo mundo trabalhou 12 dias seguidos depois de um feriado. Uma loucura, muito cansativo! Nem os chineses mesmo entendem esse sistema. Pelo menos todos que eu perguntei não souberam me explicar.  Porque se tiver que trabalhar no sábado e domingo, tenho certeza que muita gente prefere trabalhar no próprio feriado. O problema é que não tem escolha. É assim e acabou, no feriado e nos dias de folga decretados você não pode trabalhar.

O Ano Novo chinês na China (digo isso porque o Ano Novo chinês também é comemorado em outros países) foi uma oportunidade maravilhosa, que jamais esquecerei. Todo mundo feliz e aquela quantidade enorme de fogos… uma coisa que vale a pena ver!

Agora estou aguardando o Ano Novo budista. Uma coisa que já posso dizer é que esta todo mundo muito animado. Os supermercados estão cheios de coisas temáticas para vender, como se fosse o Carnaval no Brasil. Tem fantasias, perucas e inúmeras pistolas de água. Será um feriado bem prolongado, de 12 a 21 de abril, onde eles comemoram o Festival da água e em seguida o Ano Novo. Mas acho que aqui não tem sistema nenhum de compensação, como na China.

Então, serão três anos novos nesse ano que se tornou três. Tudo encaixou direitinho. Tudo teve começo, meio e fim. E para comemorar o ano novo que se inicia em Myanmar tanto para a gente, em relação à mudança, quanto para os budistas, teremos celebrações de mais de uma semana, que estou doida para conhecer!

Ano Novo, vida nova!!! Não é o que dizem? Estamos seguindo ao pé da letra!!! Mesmo que a gente só comemore o Ano Novo mundial, falou em Ano Novo a gente parte para uma vida nova… Ainda bem que o próximo Ano Novo é só o mundial mesmo, espero, né?

Site novo!

Agora tenho um novo site: http://vidaemyinchuan.wordpress.com/

O site chama-se “Vida em Yinchuan”. Lá eu estou escrevendo sobre a vida na China, porque já não sei mais como é a vida em Yangon… mas pode ser que eu escreva aqui também porque tem muitas coisas que ainda gostaria de falar sobre Myanmar.

Então, quem segue este blog pode passar a seguir também o blog: http://vidaemyinchuan.wordpress.com/

Vejo vocês lá!!!!

Deixar Myanmar foi muito triste!!!

Meu marido arrumou essa oportunidade na China. Já matutamos bastante e não conseguimos ver motivos para não ir.

Myanmar a gente já conhece e sabe que é bom. Yangon é muito seguro, as pessoas são muito boas e adoram crianças. As crianças gostam muito da escola. Então, os motivos para não ir são mais sentimentais.

Já os motivos para ir, são mais concretos, uma oportunidade de emprego em uma área nova para o meu marido, aprender a falar chinês, as crianças aprenderão a escrever em chinês e poderemos conhecer a China.

Então, se pensássemos no futuro, é claro que deveríamos ir. E quando é que quem tem filhos para de pensar no futuro? Aí ficou óbvio que tínhamos que ir.

Mas foi muito triste deixar esse lugar…

Só de pensar em ter que empacotar tudo de novo… Ainda nem tínhamos mandado vir nossas coisas do Brasil!

Nós tivemos pouquíssimo tempo para arrumar tudo e nos despedir. Eu tive uma pequena despedida com as minhas amigas. Na escola das crianças teve uma festa de despedida, que foi um choro só. O nosso motorista nos levou na casa dele, onde tinha um banquete nos esperando, com toda a família para nos receber. Eles nos encheram de presentes.

Crianças vestindo seus presentes.

Crianças vestindo seus presentes.

Com a família do Nay Myo, nosso querido motorista!

Com a família do Nay Myo, nosso querido motorista!

Amigas queridas.

Amigas queridas.

Vale lembrar que toda essa comoção foi para pessoas que chegaram no país há 5 meses só.

Acho difícil a China se comparar a Myanmar em termos de calor humano. Aliás, ainda não fui a nenhum lugar que se compare.

Adorei cada momento que vivemos aqui. Sentirei muitas saudades! É uma pena, porque tenho a sensação que nunca mais voltarei…

Madeiraaaaaaaa

Nunca vi coisas mais impressionantes feitas em madeira. Estou postando essas fotos de uma loja que deixa as esculturas expostas na rua. É tudo muito lindo e bem feito, além de incrível! É claro que tem alguns assustadores também. Dentro da loja era um galpão escuro, iluminado só com a luz do dia vinda das poucas janelas… já deu para imaginar que euzinha não tirei nenhuma foto lá dentro, fui passeando com meu filho no colo e grudada no meu marido que não ousou sair de perto de mim! Eu morro de medo de estátuas muito bem feitas, ainda mais no escuro e ainda muitas, de pessoas, dragões, animais, sereias, budas, figuras míticas birmanesas… tudo que se possa imaginar ou até o que nem se imagina…

Segurança

Muro bem simples com arame farpado.

Myanmar é um país extremamente seguro para os estrangeiros que moram aqui. Dizem que para os nascidos aqui também é muito seguro. Realmente, desde que estou aqui nunca ouvi falar de um roubo, de um assalto, de um assassinato… nada disso, que é tão comum no Brasil… não é que eu esteja sentindo falta, muito pelo contrário, dou graças as Deus de estar vivendo em um lugar tão seguro. É que eles agem como se não fosse seguro. Para entrar em um shopping é necessário passar por um detector de metais e ter qualquer bolsa revistada. Para entrar em um supermercado com uma sacola é necessário passar por um atendente que ira fechar sua sacola com um adesivo. Todas as casas tem muros altos e cercas elétricas com arames farpados, quanto mais arames melhor. Quando você está em uma loja você é acompanhado por uma pessoa o tempo todo, fungando no seu cangote… a frase “estou só olhando” não adianta nada… ficam com você até vc sair da loja ou ir até o caixa. É uma coisa bem irritante!

No Rio de Janeiro eu reclamava de como os atendentes nos tratavam, que era completamente o oposto… se vc quiser comprar alguma coisa e precisar de ajuda você tem que implorar pela ajuda de um atendente que acha que está te fazendo um favor. E o favor ainda é feito com muita má vontade! Aqui eles te seguem o tempo todo na loja, mesmo você não querendo nada… mas pelo menos quando você quiser será bem atendido.

Todo mundo que aluga uma casa tem que ter um guarda. Quando se aluga um apartamento em um condomínio tem o diferencial aqueles que tem seguranças… no entanto, como só se usa dinheiro aqui, as pessoas andam com bolos de dinheiro nas mãos. Saem das casas de cambio contando bolos de dinheiro… é muito louco… muito incoerente…

Alias, nunca vi pessoas contarem dinheiro tão rápido, todo mundo aqui parece que já trabalhou em casa de câmbio, em um segundo contam 100 notas. Enquanto que eu fico atravancando as filas do supermercado para pagar 20 mil Kyats (equivalente a 60 reais)… em minha defesa, na maioria das vezes só temos nota de mil na carteira, elas são mais fáceis de usar, ninguém implica com o seu estado, o que não acontece com as notas de cinco mil, que devem estar novas e as notas de 10 mil que começaram a sair agora… ninguém nunca vê essas…

Nas pagodas (templos budistas) em vez de roubarem o ouro que está lá há milênios eles colocam mais ouro. Eles vendem uma folhinha de ouro que você compra e pode colar na pagoda. Tem um Bhuda de ouro em uma das pagodas que visitamos em Mandalay que aumentou de tamanho, acreditam nisso? O Bhuda vem engordando do ouro que as pessoas grudam nele… tem fotos que comprovam isso lá.

Pessoas colocando ouro no Buda.

Dizem aqui que ter muita segurança é um modo de demonstrar riqueza, por isso tanto arame farpado… Para a gente que vem de fora só dá uma impressão ruim, ainda mais quando a gente vem de um país com tanta violência. Quando cheguei aqui e vi tanto arame farpado eu pensei logo: “Ai meu Deus, onde eu fui me meter?” mas descobri logo que as aparências enganam. Mesmo sendo pobres ele conseguem acrescentar ouro em seus templos em vez de roubar o ouro existente… muito diferente de onde eu vim…

Relíquias do Buda

Todos que conhecem um pouco mais sobre budismo já devem ter ouvido falar das relíquias do Buda. Mas para aqueles que nunca ouviram falar, como eu, as relíquias do Buda são cristais coloridos remanescentes dos restos mortais do corpo do Buda, depois de cremado.

Então uma maneira de saber que um monge era mesmo um Buda e que ele atingiu o Nirvana é achar cristais coloridos em suas cinzas.

Foto de Bro. Tang Choeng Weng

Outra coisa que não sabia era que qualquer um pode virar um Buda, como mostra a seguinte frase, retirada do site www.aboutbuddha.org:

“In general, ‘Buddha’ means ‘Awakened One’, someone who has awakened from the sleep of ignorance and sees things as they really are. A Buddha is a person who is completely free from all faults and mental obstructions.”

Ou “Em geral, Buda significa ‘Aquele que despertou’, alguém que despertou de um sono de ignorância e vê as coisas como elas realmente são. Um Buda é uma pessoa que é completamente livre de todas as falhas e obstruções mentais.”

Então, sempre que ouvirem dizer que o Buda disse alguma coisa, pode não ter sido o Siddhattha Buddha, criador do budismo, e sim qualquer outro Buda, dos muitos que existem.

Voltando as relíquias, quando colocadas na água, como na foto acima, elas tendem a se unir e trocar de lugar, nada mais do que tensão superficial e variação de temperatura. Mas dependendo da cor do cristal que está em cima, tem um significado para os budistas. Porque dependendo da cor da pedra, ela veio de alguma parte do corpo, do osso, do sangue, dos dentes…

Logo que vi essas pedrinhas pensei que não sabia que quando a gente era cremado surgiam cristais coloridos. Mas meu marido veio logo me corrigir, gente normal não, só os Budas! Agora vou ter que sair catando as cinzas dos outros pra ter certeza!

Uma coisa que não saiu da minha cabeça desde que vi esses cristais é que algumas pessoas devem morrer de inveja dos budistas, que em vez de virarem purpurina, viram cristais coloridos!

…o descompasso e o desperdício, herdeiros são agora da virtude que perdemos…

Visitamos uma cidade turística chamada Bagan, cidade famosa pelos mais de 3 mil templos de tijolos e a maioria deles construída nos séculos XI, XII e XIII. Realmente, é uma coisa de outro mundo, maravilhoso, um lugar que todo mundo deveria conhecer. Dá vontade de morar lá!

O primeiro lugar que o guia nos levou foi a um mercado, tipo uma feira livre. Quando descemos do carro, de repente, apareceram muitas pessoas, a maioria mulheres e crianças, nos rodeando, nos pegando, passando uma pasta no nosso rosto e vendendo coisas. Deu aquela vontade de entrar no carro novamente e partir bem depressa. Mas resolvemos continuar… quanto mais íamos entrando pela feira adentro, mais pessoas apareciam e nos puxavam pelo braço para irmos pra essa ou aquela barraca, e só aumentava a vontade de ir embora o mais rápido possível.

Quando parávamos em uma barraca nos deparávamos com vendedores querendo cobrar mais por seus produtos, porque éramos estrangeiros. Ficamos indignados! Como é que pode alguém querer se aproveitar da gente desse jeito? Parece brincadeira, mas é verdade, pensamos exatamente isso!

Pensamos assim porque é muito fácil se acostumar com honestidade e bondade! É tão rápido, que parece que você nunca conheceu outra coisa. Os birmaneses são assim, honestos e bons, é muito fácil se acostumar!

Mas aí uma coisa aconteceu e a gente caiu em si. Uma moça nos seguiu a feira toda tentando nos puxar para a barraca dela, mas coitada, não deu tempo, e eu disse a ela que tinha que ir embora. Sabe o que ela fez? Ela me agradeceu, me disse: – Eu entendo, obrigada!

Quando ouvi isso, me dei conta de como estava mal acostumada, de que não era mais do que comum, em qualquer lugar do mundo, vendedores querendo se aproveitar de turistas… a diferença aqui é que ninguém vai te xingar porque você olhou e não comprou, ninguém vai te olhar torto, te maltratar, te tratar como se estivesse fazendo um favor e ninguém vai te roubar enquanto você esta distraído olhando as barracas, ou melhor, ninguém vai te roubar em lugar nenhum!

E ainda, coitados dos pobres vendedores daqui, o preço alto é só para assustar, se você começa a barganhar eles baixam o preço até quanto você quer pagar. E é claro, como boa carioca esperta, paguei o quanto eu queria em todas as compras que fiz, depois de descobrir que tinha que pechinchar. Mas acabei chegando em casa triste, ao contrário da felicidade que normalmente vem acompanhada da maravilhosa pechincha que conseguimos. Fiquei triste e com vontade de voltar e pagar mais àqueles que me venderam por menos… porque eles são pobres, não são limpinhos, mas são honestos e bons e quem acabou se aproveitando fui eu! Aprendi a lição tarde demais para aquele fim de semana, mas felizmente, não para o resto da vida.

Estar em Myanmar é imergir em um universo de honestidade e bondade, é voltar a poder confiar nas pessoas. É altamente recomendável a todos aqueles descrentes de que existam pessoas honestas e boas nesse mundo! Na atual situação, é recomendável a quase todos os brasileiros!

Qué pagá quanto?

Todos os parques públicos de Yangon que são gratuitos para os birmaneses, os estrangeiros tem que pagar.

Um pequeno detalhe é que se os visitantes asiáticos não estiverem obviamente caracterizados como turistas eles podem entrar gratuitamente. Então, quem tem obrigatoriedade de pagar são só os ocidentais.

Essa discriminação acontece não só nos parques, mas em todo lugar. Alguns templos, serviços, hotéis, taxis e até palestras tem preços diferenciados para estrangeiros.

Nos taxis é aconselhável negociar o valor da corrida antes de entrar no carro, porque eles cobram pela aparência. Não existe taxímetro, aliás, se o taxi tiver banco traseiro já estamos no lucro. Mesmo assim, o valor máximo que eles normalmente cobram é 4000 kyats, que equivale a U$ 4,60.

Os ocidentais aqui são como celebridades, as pessoas encaram, pedem pra tirar foto com elas e tiram fotos sem pedir, como paparazzos. As crianças são as que sofrem mais assédio, são constantemente paradas na rua, coitadas das bochechinhas…

A única diferença entre as celebridades e os ocidentais é que o primeiro é pago para ir a lugares enquanto o segundo tem que pagar até o que deveria ser de graça.

Aqui embaixo estão fotos do Lago Kan Daw Gyi, um parque muito bonito aonde fica o Restaurante Karaweik Palace (Palácio dos Pássaros) que tem apresentações de danças e músicas típicas da cultura birmanesa. Apesar de estarem no mesmo lugar, são dois parques diferentes, o Karaweik Park e o Kan Daw Gyi Park. Os dois são gratuitos para os locais e pagos para os estrangeiros, custam 300 kyats e 2000 kyats, respectivamente.