Qué pagá quanto?

Todos os parques públicos de Yangon que são gratuitos para os birmaneses, os estrangeiros tem que pagar.

Um pequeno detalhe é que se os visitantes asiáticos não estiverem obviamente caracterizados como turistas eles podem entrar gratuitamente. Então, quem tem obrigatoriedade de pagar são só os ocidentais.

Essa discriminação acontece não só nos parques, mas em todo lugar. Alguns templos, serviços, hotéis, taxis e até palestras tem preços diferenciados para estrangeiros.

Nos taxis é aconselhável negociar o valor da corrida antes de entrar no carro, porque eles cobram pela aparência. Não existe taxímetro, aliás, se o taxi tiver banco traseiro já estamos no lucro. Mesmo assim, o valor máximo que eles normalmente cobram é 4000 kyats, que equivale a U$ 4,60.

Os ocidentais aqui são como celebridades, as pessoas encaram, pedem pra tirar foto com elas e tiram fotos sem pedir, como paparazzos. As crianças são as que sofrem mais assédio, são constantemente paradas na rua, coitadas das bochechinhas…

A única diferença entre as celebridades e os ocidentais é que o primeiro é pago para ir a lugares enquanto o segundo tem que pagar até o que deveria ser de graça.

Aqui embaixo estão fotos do Lago Kan Daw Gyi, um parque muito bonito aonde fica o Restaurante Karaweik Palace (Palácio dos Pássaros) que tem apresentações de danças e músicas típicas da cultura birmanesa. Apesar de estarem no mesmo lugar, são dois parques diferentes, o Karaweik Park e o Kan Daw Gyi Park. Os dois são gratuitos para os locais e pagos para os estrangeiros, custam 300 kyats e 2000 kyats, respectivamente.

Piratas de Yangon

Uruguaiana e 25 de março que nada!!! Aqui é o paraíso da pirataria!

Existem lojas que só vendem DVDs de software pirata. Conseguem se imaginar dentro de uma loja grande no centro da cidade, com prateleiras lotadas de softwares e jogos piratas? E todos por U$2 cada, no máximo, e ainda, se comprar 3 DVDs você ganha 1 grátis.

Loja só de Softwares e Jogos piratas.

Acontece o mesmo com DVDs de filmes, músicas e séries. Tem lojas dentro de shoppings, que vendem tudo pirata. E as capas são perfeitas, mas para eles não existe diferença entre Blu-ray e DVD, você pode comprar o Blu-ray que vai passar no seu aparelho de DVD. Acho que a diferença está só na qualidade da cópia, quando está na capinha de Blu-ray quer dizer que a definição da imagem será melhor. Tem filmes de todos os preços, já vi até por U$0,40, mas não passam de U$3. Eles inclusive tem compilações com 6 filmes em um DVD só.

Mesmo em grandes supermercados tem a sessão de filmes e jogos piratas. Tudo muito normal. Sem aquela gritaria dos camelos do centro do Rio e de SP. Não se engane, aqui também tem camelo, e como! Mas eles não gritam e nem tem medo do Rapa.

Como nenhum país tem acordo com Myanmar, ninguém vem reclamar patentes aqui, por isso é permitido. Eles dão até recibo nas lojas. Até hoje ainda não vi nenhuma loja vender filmes originais…

Aqui não existe direito autoral, não só para DVDs como para todo o resto, roupas, desenhos, sapatos… Nos parques de diversão, em logomarcas de lojas e em tudo mais que possa imaginar tem personagens da Disney, Hello Kitty, Bob Esponja e todos os outros famosos.

Mas esse paraíso deve logo acabar, a Eva já comeu a maçã, agora é só esperar o castigo!

Páginas amarelas

Como é possível viver em um lugar onde não existe quase nada na internet? Onde você não pode entrar no Google e achar o que quiser? Entrar no Google você até pode (a internet não é das melhores mas funciona), mas achar alguma coisa é que é o problema.

Para a maioria dos birmaneses a internet está fora de alcance. Em Myanmar ainda estamos na era das Páginas Amarelas, aquele livrão que todo mundo tinha em casa antes da internet existir, com todos os serviços disponíveis na cidade. O ruim é que nem tudo, ou melhor, quase nada está escrito em inglês, então para os estrangeiros é bem difícil encontrar alguma coisa. Existem alguns livros feitos para os estrangeiros, mas não são tão completos. Até tem o site do Yangon Directory, mas tem sempre erro nas páginas de resultado da procura.

Então ainda está difícil descobrir tudo de bom que tem aqui, é mais no boca a boca mesmo. Fico pensando que há vinte anos atras era assim também, o que não estava nas páginas amarelas era quase exclusivo para as pessoas que moravam perto, a não ser que fosse muito bom e que as pessoas espalhassem. Também devia evitar muita decepção, porque é cada porcaria que achamos na internet. Muitas vezes a gente acha um serviço, se despenca da nossa casa para ir a um lugar lá no fim do mundo e constata que o serviço é muito ruim. Se eu me lembro bem, nas Páginas Amarelas só procurávamos as coisas mais perto da nossa casa. Na internet parece que tudo é perto, o mundo ficou menor.

Tudo tem seus prós e contras, pelo menos com o boca a boca só temos ido a lugares legais, que valem a pena. Não quebramos a cara ainda com as propagandas enganosas da internet. Mas como tudo aqui está em processo de mudança, logo logo a internet vai acabar com as pobrezinhas Páginas Amarelas.